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Este Blog é um espaço onde coloco as minhas opiniões e aquilo em que acredito. Espero ver o vosso feedback ao que escrevo e sugestões sobre assuntos que mereçam que se gaste tempo com eles.

domingo, 24 de julho de 2011

Verbos da Economia

     Mais uma vez faço uso do artigo de um colonista em que aprecio bastante a sua perspectiva  de ver as coisas que nos rodeiam. Repito que não aprovo más línguas, mesquinhices, politicas ou coisas do género. Aprecio sarcasmo qb (quanto baste) e humor "britânico", (humor que obriga a capacidade de raciocínio).


     “Há verbos simples e complicados. Os mais simples são aqueles que não têm argumentos. O verbo chover e nevar não têm qualquer argumento. Simplesmente chove ou neva, sem que se queira saber o que é que chove ou para quem é que neva. Mas o verbo rir, tal como morrer e chorar, tem um argumento. Se existe riso, é porque alguém está a rir: eu, o vizinho do lado, a plateia ou o boneco animado.
   Depois temos os verbos com dois argumentos: matar, ferir, pintar, e tudo aquilo que alguém ou alguma coisa tem que de fazer acontecer noutra coisa ou alguém: o António feriu o Joaquim, o carro matou o transeunte, o artista pintou o quadro. Os verbos com três argumentos são mais complicados, porque temos que pensar em três coisas à volta deles: alguém deu uma moeda ao pobre, o João trouxe o automóvel de casa, o Rui enviou uma carta à namorada ou o barco levou os navegantes até à costa.
   Os verbos mais complicados têm quatro argumentos. Exemplos: um coleccionador trocou com outro uma moeda por um selo, o Francisco comprou um automóvel no stand por 30 mil euros, eu emprestei dinheiro ao Estado por um certo juro. É certo que as expressões matemáticas podem relacionar mais argumentos. Mas no discurso verbal, o limite fica por aqui. O curioso é que os verbos mais complexos, que mais obrigam a pensar, se usam no domínio da economia. Nem toda a gente consegue ter na cabeça quatro argumentos ao mesmo tempo. Será por isso que os políticos mal se entendem sobre assuntos económicos?”

J. L. Pio Abreu (Psiquiatra e Professor Universitário)
Jornal Diário DESTAK de 22 de Julho de 2011