Pesquisar neste blogue

Este Blog é um espaço onde coloco as minhas opiniões e aquilo em que acredito. Espero ver o vosso feedback ao que escrevo e sugestões sobre assuntos que mereçam que se gaste tempo com eles.

domingo, 5 de junho de 2011

Mesquinhez

     Antes de transcrever um artigo que li num jornal diário, hoje, dia de eleições em Portugal, quero dizer que eu nunca colocaria neste blog, entre vários outros tipos de assuntos, mensagens de teor politico. O que vou escrever é uma opinião de um colaborador de um jornal, opinião essa que eu assino por baixo.

   "Pessoas normais falam sobre coisas, pessoas inteligentes falam sobre ideias, pessoas mesquinhas falam sobre outras pessoas." Esta frase, atribuída a Platão, corre nas redes sociais e reúne um consenso razoável. Eu também concordo.
   Na verdade, tenho saudades do tempo em que se discutiam ideias. Ideias pensadas, escritas, lidas, faladas, ouvidas argumentadas, criticadas, mas sempre ideias com alguma coerência e projectadas no futuro. Até tenho saudades das campanhas eleitorais em que se propunham ideias sem protagonistas.
   Nesta campanha eleitoral só se discutem pessoas. Como se dizia noutros tempos, caiu-se na falácia dos argumentos ad-hominem. Já nem os partidos interessam, os programas muito menos, as ideias são coisas avulsas. Aliás, já todos esqueceram a crise do sub-prime e a queda do Lehman Brothers. Ninguém repara que a Europa é incompetente para travar o ataque especulativo à sua moeda e que a Grécia, aqui ao lado, se está a transformar na pedra que afundará o sonho de uma comunidade europeia.
   Com tanto ruído na paróquia, ninguém já consegue olhar para fora. Tudo se resume a saber quem foi o paroquiano que nos afundou e qual a pessoa que nos vai salvar. A salvação até está escrita e assinada, mas aguarda por calendas. O que entretanto se vê é o espectáculo dos vizinhos desentendidos na catalogação de santos e vilões. No fundo, só falam de pessoas. Se concordamos com a máxima de Platão, deixaram a inteligência de lado para abraçar a mesquinhez.

J. L. Pio Abeu (Psiquiatra e professor universitário)                      

Jornal Destak, 27 de Maio de 2011

DR
Não queira fazer tudo sozinho porque com ajuda os nossos limites moram muito mais longe.